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365 dias de Carnaval com Miro Ribeiro

  • Foto do escritor: Rosa Andrade
    Rosa Andrade
  • 3 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de jan. de 2020


Os desafios de manter a folia viva o ano inteiro

A quarta feira de cinzas chegou. Todos se preparam para voltar à rotina de trabalho no dia seguinte. Mas, antes, acompanham a apuração e assistem a Beija-Flor ser a nova campeã carioca de 2015. Com um título contestado por dias após a apuarção, a escola passa a ser assunto só em fevereiro do próximo ano. Será? Miro Ribeiro mostra que não.

Alheio às polêmicas, o radialista e jornalista defende a agremiação de Nilópolis e compartilha a torcida pela mesma. Primeiro apresentador negro na TV Tupi, Miro está, desde 1975, a serviço do samba de enredo, tentando dar uma visibilidade maior ao legado deixado pelos escravos africanos. Essa herança resultou na maior festa popular do mundo a céu aberto.

Do ensaio técnico até o sábado das campeãs existe muita história para contar. Desde 1999, o locutor retrata personalidades e preparações das escolas no programa “Vai dar Samba” de segunda a sexta, às 22h, na Rádio Manchete, e aos sábados, 21h, na Roquette Pinto. “O sambista finca de vez seu pé na radiofonia com a realização de um programa de auditório aberto a todos os setores que queiram participar”, afirma.

Com duas horas de duração, o programa de vanguarda tem a proposta de levar uma agremiação por mês para relatar a biografia e divulgar novidades. Recentemente, foi criado um novo quadro chamado “Carnaval sem fronteiras: Intercâmbio entre RJ e SP”, para aproximar a folia entre os dois estados.

Mas o orgulho do “Vai dar Samba” não se restringe apenas ao Brasil. O jornalista de 58 anos, recém-completados no dia 10 de março, conta a felicidade de levar a festa carioca, por três anos consecutivos, para San Luis, Argentina. “Nós invadimos a terra do tango!”, exclama.

A satisfação e o brilho no olhar ao falar da experiência em outro país aumentam, junto com a voz grave – que ele garante nunca ter sido trabalhada ou impostada - ao lembrar sua iniciação no samba. A experiência começou como locutor da quadra da São Clemente na década de 80.

O jovem, que ia aos blocos em Piedade, formou-se em Comunicação pela Universidade Santa Edwiges em 1977. Desde então, passou pela TV Tupi e pelas rádios Bandeirantes, Manchete e Tamoio, além de produzir programas para a Rádio Nacional. O convite para chefiar o Departamento de Jornalismo da Roquette Pinto veio em 1995, quando Miro já tinha decidido não se limitar à editoria de Esportes.

Hoje, com 30 anos de Carnaval nas costas, o radialista é impossibilitado de sambar devido ao sério problema na coluna, que lhe rendeu uma operação em 2013. Mas garante que compensa ao poder ver as passistas e comer feijoada, um dos seus pratos preferidos, nas quadras das escolas.

O comunicador garante que essa não foi sua maior dificuldade. Mas sim conseguir manter seu programa durante um ano inteiro. “As pessoas não acreditam que há assunto o tempo todo. Aqui é a capital internacional do samba! Temos que valorizar nosso potencial. Basta os empresários da mídia e os responsáveis pelas emissoras se voltarem para isso. Mas parece que há um preconceito ainda com o sambista. Notícia não falta, é só as emissoras abrirem espaço”.

Miro batalha para poder mostrar essa luta das comunidades que exibem toda a sua criatividade, durante o ano, em uma avenida por 60 minutos. Com a sensação de dever cumprido, o radialista tem muita festa pela frente. E uma frase resume sua energia: “No Vai dar Samba, ele dá show!”.

Perfil escrito para fins acadêmicos.

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