A Copa do Mundo já é do Brasil
- Rosa Andrade
- 4 de jul. de 2018
- 2 min de leitura

A Bélgica ainda não foi batida, mas a vitória é comemorada todos os dias
Ela chegou desacreditada. As lembranças de um vexame dentro da própria casa insistiam em aparecer. Aliás, tal casa que não anda bem das pernas. E os moradores sabem bem disso. Tanto que, só às vésperas da Copa, o verde e amarelo começou a colorir a rotina dos brasileiros. Ainda existe amor pela competição e pela seleção de Tite, contudo, o sentimento de vitória é devido aos torcedores.
A primeira evidência transparece no novo mascote: o “Canarinho Pistola”. A ave amarela de cara emburrada evidencia o sentimento de que “a torcida não vai parar, mas ninguém ainda está satisfeito”. Diferente de outros anos, o brasileiro mostra-se mais consciente da sua real situação social, política e econômica, e cobra mudanças. Ao mesmo tempo, reconhecem o futebol como uma marca na sua cultura e que deve ser valorizado da mesma forma.
Tanto as pinturas e decorações das ruas, como a criação de memes na internet, demonstram a capacidade e criatividade de um povo que, teoricamente, não tinha motivos para rir ou celebrar. Contudo, a cobrança também existe. Neymar é exaltado e xingado, praticamente, de forma instantânea. Mas se alguém de fora resolver fazer isso, a resposta é imediata. Afinal, família briga e se xinga, mas permanece unida.
Aliás, essa foi outra vitória. A união fez a força e os holofotes não foram só para os estádios. Nessa Copa, os brasileiros deixaram o recado de que não serão mais tolerados o machismo e a discriminação racial. Mulheres devem ocupar bancadas esportivas, fazer entrevistas como qualquer profissional masculino e não serem objetificadas para o mundo todo assistir. Jogadores negros não estão aptos a “fazer uns arrastão top”, mas podem ser um “foguetinho” como William.
Além de tudo, a valorização da América do Sul também entrou em jogo. Um Brasil que torcia pela Colômbia demonstrou uma mistura de gratidão e certeza de que a taça merece estar com um país latino. A eliminação da seleção de James Rodríguez foi triste, mas trouxe mais um gás para a conquista brasileira. De qualquer forma, a ordem é que o progresso continue, e que o hexa seja só um bônus.
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